Créditos/Fonte: Um conto erótico de Lukinha
Eu não conseguia acreditar naquela conversa. Eu estava sendo traído por causa daquele maldito mausoléu? Um lugar que eu nem queria?
Como Henrique também tinha acesso às mensagens, para montar o meu processo de divórcio, ele sabia que não poderia me deixar sozinho naquele dia. Ele largou tudo o que estava fazendo e veio ao meu encontro, evitando que eu perdesse de vez a cabeça.
Foi outra noite tensa, onde eu não consegui pregar os olhos. Mas, como tudo nessa vida tem sua razão de ser, e o Karma é inevitável, ou usando um ditado de antigamente, um pouco sem sentido nos dias de hoje, o castigo viria a galope.
No dia seguinte, logo pela manhã, incapaz de me concentrar no trabalho, recebi um aviso de um de meus colaboradores. Ele me entregou um cartão e explicou:
– Me desculpe, acabei esquecendo. Esse advogado está atrás de você desde a semana passada, ele ligou hoje cedo e disse que é de extrema urgência que você entre em contato.
Sem conseguir render no trabalho, só fazendo merda, e curioso, resolvi responder, ligando para o número indicado no cartão:
– Bom dia! Meu nome é Renato e parece que o Dr. Mark vem tentando falar comigo.
A secretária, muito simpática, foi direta:
– Bom dia, senhor Renato. Realmente, ele tem tentado contato. Ele agora está em reunião com outro cliente, mas precisa muito falar com você. Seria possível que o Senhor viesse ao escritório?
Eu precisava saber mais:
– Você poderia me adiantar o assunto, dizer do que se trata?
A secretária estava muito enigmática para o meu gosto:
– Senhor Renato, infelizmente, eu não posso dar detalhes por telefone, mas garanto que o assunto é do seu interesse. E antes que fique preocupado, posso garantir que não é nenhuma coisa ruim. Apenas venha.
Precisando respirar novos ares, ocupar a mente para desviar os pensamentos que me atormentavam, decidi ir naquela mesma hora:
– Ok! Estou a caminho.
Nos despedimos e eu chamei um carro pelo aplicativo. A viagem foi rápida e apesar de simples, o escritório era num ótimo ponto do centro da cidade. Se eu não estivesse enganado, a falecida velha safada tinha algumas salas alugadas naquele prédio, mas eu não sabia quais. De qualquer forma, isso era problema do Antônio, aquele velho desgraçado que estava comendo a minha esposa, futura ex.
A secretária me recebeu e pediu que eu esperasse alguns minutos. Me sentei onde fora indicado e pouco tempo depois, um homem alto, de presença marcante, ligeiramente calvo, veio ao meu encontro, estendendo a mão para mim:
– Finalmente! Senhor Renato, meu nome é Mark, eu sou, ou era, advogado da sua falecida mãe.
Aceitei seu cumprimento, mas minha cara me denunciou. Ele percebeu e foi rápido:
– Sei que vocês não tinham a melhor das relações, mas é importante que o senhor ouça o que eu tenho a dizer. Pedi ao Sr. Antônio para lhe avisar, mas como não recebi resposta, acabei pesquisando e encontrando sua empresa.
Pensei: “Aquele velho filho da puta, comedor de mulher casada, se fazendo de bonzinho, mas também metido nessa história. Não sei se devo ouvir o que esse advogado tem a dizer.”
Percebi que apesar do forte sotaque mineiro, ele falava um português perfeito, sem gírias de sua região. Ele me fez sinal para acompanhá-lo até o escritório e assim que entramos, foi direto ao assunto:
– Eu tenho aqui um vídeo para o senhor. Vou lhe dar privacidade para assistir e volto em alguns minutos, depois podemos conversar. Aceita um café? É da minha terra, artesanal, pode confiar?
Aceitei o café e logo a secretária me serviu. Resolvi dar uma chance e resolver logo a situação. Vindo da minha mãe, coisa boa não poderia ser. O Dr. Mark virou a tela do monitor para mim e acompanhou sua secretária para fora do escritório:
– É só apertar espaço no teclado, volto daqui a pouco.
O café era realmente muito bom, me dando a energia necessária para assistir o que quer que fosse que aquele advogado tivesse para me mostrar. Comecei a assistir:
Minha mãe, numa cama de hospital, bastante debilitada pela doença, olhava fixamente para a câmera, parecendo me encarar.
– Oi, filho! Sei que deve estar pensando em desligar e não ouvir o que eu tenho para falar …
Ela falava com muita dificuldade, com um lado do rosto paralisado pelo primeiro AVC que a deixou internada.
– Não vim pedir perdão, sei que já é tarde para isso, machuquei você e principalmente o seu pai. Sei que não acredita, mas eu amava o seu pai de todo o meu coração.
“Que mulher pequena, até sofrendo, convalescendo, ela consegue desrespeitar a memória do meu pai.” Pensei. Minha vontade era desligar o vídeo e sair dali, mas eu estava curioso sobre o que aquela velha teria a dizer. Já fazia quase um ano que ela havia falecido.
– Você só se lembra das coisas que eu fiz, pois na sua frente, ele parecia o cavalheiro perfeito, o marido enganado e traído. Mas a realidade é outra.
Minha raiva só aumentava.
– O Dr. Mark irá lhe passar algumas informações importantes e você mesmo pode tirar suas conclusões.
É claro que ela estava mentindo, era uma profissional em enganar, em trair. Eu jamais acreditaria em uma palavra que sai da boca daquela mulher que eu nem considerava mais como mãe.
– O motivo desse vídeo é outro, é para dizer que eu jamais o deserdaria. Que tudo o que eu tenho agora é seu. Que mesmo que você me visse como a vilã, eu nunca deixaria de amar você, meu único filho. Já que não me deixou dar o amor que você merecia, que pelo menos o meu dinheiro sirva para lhe dar conforto.
Aquilo era brincadeira, não era possível.
– Eu te amo, sempre amei e se você está assistindo esse video, já não estou mais por aqui. Mesmo morta, jamais deixarei de te amar.”
O vídeo acaba e eu começo a ter um ataque histérico de risos. Gargalhando alto, incapaz de me controlar. Assustado, o Dr. Mark e sua secretária entram correndo na sala:
– Sr. Renato, o que aconteceu? Você está bem?
Não consigo me segurar, é incontrolável:
– A vadia se fodeu. Isso é muito hilário. – Minhas risadas aumentavam de intensidade. – Se vendeu por causa daquela casa caindo aos pedaços e que no final, já era nossa.
Levei quase dez minutos para me controlar e conseguir dar atenção ao advogado. Ele era um homem prático, sempre indo direto ao que interessava:
– Se o Senhor tem um advogado de confiança, já que não nos conhecemos, seria melhor pedir a ele que se una a gente.
Prevendo o que iria acontecer, liguei para o Henrique. Enquanto o aguardávamos, o Dr. Mark começou a listar a herança deixada por minha mãe:
– O patrimônio líquido é pequeno, aproximadamente dois milhões, mas grande parte está presa em fundos de investimentos. Cabe a você decidir se deixa rendendo ou se vai retirar.
Pequeno? Dois milhões? Pequena é minha piroca. Só se for pequeno para quem tem muito, pois para mim, só aqueles dois milhões já eram inimagináveis. Eu sabia que minha mãe não era fodida, acreditava que ela tinha alguns imóveis, um dinheirinho guardado, mas não dois milhões. Dois milhões é dinheiro pra caralho. Eu estava vendendo parte da minha empresa por um, um mísero milhão. Só aquele dinheiro já mudava a minha vida, acabando com todos os meus problemas financeiros e me dando até a chance de voltar atrás na venda de parte da minha empresa.
Ele tinha mais a falar, muito mais:
– Fora o dinheiro investido, sua mãe tem doze por cento da empresa que o seu avô deixou para os filhos, mas ela é uma sócia sem direito a voto, já que é um dos seus tios que detém o controle principal e isso é uma coisa acordada entre os cinco irmãos. Como a empresa passou por dificuldades, eles combinaram de reinvestir todo o lucro. Pelos próximos dois anos, nada virá de lá.
A coisa só melhorava. Aqui é importante fazer uma ressalva: por cortar o contato com a minha mãe, todos os meus parentes do lado dela ficaram ao seu lado, me excluindo e tentando me fazer mudar de ideia. Também cortei o contato com eles, me livrando de todo o drama e chantagem emocional.
Henrique finalmente chegou e os dois já se conheciam. Parece até que tinham uma certa amizade. Pelo que me contaram, Mark, mais velho, acho que mais ou menos uns quarenta e poucos anos, era um dos sócios no escritório que Henrique estagiou. Henrique o admirava e acabou se espelhando nele.
Após um breve resumo, Henrique já estava ciente do que fora passado até ali e o Dr. Mark voltou a enumerar a herança:
– Agora os imóveis, onde está verdadeiramente tudo o que sua mãe construiu durante a vida.
Ele nos entregou uma cópia da lista:
– Só aqui nesse prédio são oito salas, inclusive, essa em que estamos. No total, são vinte e três salas comerciais e cinco imóveis comerciais maiores em grandes avenidas. E isso só os comerciais, todos alugados e gerando renda.
Henrique me olhava sem acreditar. O Dr. Mark prosseguiu:
– Agora, imóveis residenciais e apartamentos. São seis casas no total, a maioria simples, todas alugadas. E também, dois pequenos prédios residenciais, ambos de quatro andares, com dois apartamentos por andar, totalizando dezesseis unidades.
Então veio a melhor parte, aquela que eu esperava:
– Por fim, não menos importante, o casarão em que sua mãe morava. Só aquele imóvel está avaliado em sete milhões de reais.
O Dr. Mark me olhou com apreensão, antes de dizer:
– Sua mãe me alertou sobre o ódio que você nutre por aquela casa e se for do seu interesse, eu já tenho alguns interessados para a compra da propriedade.
Senti minha alma sendo lavada. Se Deus existe, ele olhou para mim naquele momento e disse: “Vai que é sua, Taffareeeel!” Uma ideia perversa me passou pela cabeça e eu respondi:
– Não! Claro que não. Eu vou ficar com a casa.
Henrique me olhou curioso e eu o acalmei:
– Explico depois, vamos continuar.
Minha mente não desligava, maquinando o plano cruel que ia ganhando forma e requintes de crueldades. O Dr. Mark, muito preocupado, antevendo o problema a frente, disse:
– Agora o assunto é mais espinhoso, mas eu vou respeitar seu desejo. Eu tenho uma investigação conduzida por um detetive particular e ela, infelizmente, é sobre o seu pai. Você quer toda a verdade, por mais dolorosa que seja?
Uma investigação contra o meu pai? Lembrei das palavras da minha mãe no vídeo anterior: “na sua frente ele parecia o cavalheiro perfeito, o marido enganado e traído, mas a realidade é outra”. Quer saber? Foda-se! Já estou com merda até o pescoço mesmo, hora de afundar a cabeça de vez. Respondi positivamente e o advogado me entregou uma pasta com as informações.
Puta que pariu! Será possível que eu passei a vida cercado por falsos e mentirosos? Meu pai tinha uma segunda família, outra mulher e dois filhos, um casal na verdade. Doutor Mark voltou a falar:
– Para eles, seu pai apenas sumiu no mundo, pois usava outro nome e outros documentos. Eles acreditavam que ele era um representante comercial que vivia viajando. Cabe a você decidir se conta a verdade e acaba com o sofrimento daquela família.
Henrique, sempre debochado, o único que sempre teve total liberdade comigo, brincou:
– Chifre trocado, não dói.
Perguntei a ele, buscando algum apoio:
– Será que eu fui injusto com minha mãe durante todos esses anos? Pela idade dos meus meio-irmãos, ele já a traía antes dela começar.
O Dr. Mark voltou a falar:
– Ela me confidenciou isso. Disse que várias vezes tentou te contar a verdade, mas como não tinha provas, e como era cada vez mais maltratada por você, acabou desistindo.
Eu tentava pensar rápido:
– Mas ela era próxima da Dani, minha esposa, por que não contou a ela?
Henrique mesmo respondeu:
– Com certeza, por medo de criar tensão entre vocês. Ela sabia que se contasse, Daniela faria de tudo, como tentou nos últimos meses de vida dela, fazer as pazes entre vocês.
O Dr. Mark completou:
– Essa investigação só foi concluída recentemente e ela logo faleceu. Sinto muito!
Verificando a hora, o Dr. Mark encerrou aquela reunião, me entregando alguns papéis:
– Agora é só você assinar e tudo estará terminado. Os detalhes burocráticos eu acerto com o Dr. Henrique. Em breve, o banco fará a transferência das contas e os imóveis estão todos sob a responsabilidade da imobiliária que eu administro. Se você quiser, passo todos para o seu advogado.
Henrique foi rápido:
– Deixe isso como está. Eu não tenho interesse nenhum em administrar imóveis.
O Dr. Mark também aproveitou a chance:
– Por mim, eu não tenho problema nenhum em continuar a cuidar de tudo. Na verdade, até precisamos sentar e falar sobre a minha sala, o contrato está vencendo e eu tenho interesse em renovar.
Henrique me aconselhou a manter tudo como estava e eu acabei mantendo os imóveis ali com o Dr. Mark. Aliviado, ele confessou:
– Eu estava preocupado, pois essa é uma parte significativa da minha renda. Vamos marcar um horário para eu te levar para conhecer todos eles. Eu tenho um compromisso agora, senhores, preciso ir.
Eu ainda tinha uma última pergunta:
– Sobre o mausoléu, ou melhor, o casarão, eu já posso fazer o que bem entender com ele?
Naquele momento, por me conhecer tão bem, sendo meu amigo pela vida toda, Henrique entendeu minha intenção. O Dr. Mark respondeu:
– Sim! A casa é sua. Sua mãe não disse nada, não intercedeu nem fez nenhum pedido especial para Antônio continuar morando lá. Ela disse que essa seria uma decisão exclusivamente sua.
Eu pedi ao Dr. Mark:
– Você pode adiar a transferência dos imóveis?
Ele estranhou, mas eu expliquei:
– É que estou me preparando para um processo de divórcio, não quero …
Henrique me interrompeu:
– Nesse caso específico, esses bens adquiridos por herança não se comunicam na partilha de bens. Fique tranquilo. Não há nada que ela possa fazer. Ainda mais que eu já estou dando entrada nos papéis do divórcio. Mesmo que ela tente, o que motivou a traição já depõe contra ela em um eventual processo que ela queira abrir.
Mais tranquilo com a situação, por último, pedi ao Dr. Mark:
– Você teria uma chave reserva do casarão?
Ele pediu e poucos minutos depois, a secretária entrou trazendo a cópia solicitada.
Nos despedimos e ele ficou de tratar diretamente com o Henrique a partir daquele momento. Eu não podia acreditar naquela reviravolta. Antes de nos separarmos, expliquei e pedi ajuda ao Henrique para concretizar os meus planos. Após boas risadas, nos despedimos também.
Agora era só questão de esperar, armar a arapuca e deixar os dois pilantras serem surpreendidos.
A primeira coisa que eu fiz, sem pensar duas vezes, foi desfazer o negócio com o investidor. Henrique me explicou que mesmo que não tivesse direito a minha herança, ao que minha mãe deixou, Dani teria direito a metade do meu patrimônio atual, ou seja, metade da minha empresa. Não fazia sentido continuar a investir naquele negócio. Eu poderia começar de novo depois, livre e desimpedido, sem precisar dar satisfações a ninguém. A casa do meu pai também estava fora de cogitação, pois ele faleceu um pouco antes de nos casarmos, sendo um bem anterior ao matrimônio.
Já no dia seguinte, acabei com a dor daquela família vítima do meu pai. A senhora, uma mulher gentil, mas triste, relutou em acreditar, mas vendo as fotos, a semelhança entre meu pai, eu e meu meio-irmão, após um choro prolongado, acabou acreditando em mim. Meus meio-irmãos já eram adultos, um rapaz e uma moça muito educados e eu prometi que após terminar o que precisava fazer, voltaria para conhecê-los melhor. Eram humildes e precisariam de apoio financeiro.
Também procurei meus tios e tias, me desculpando com todos eles e reafirmando que respeitaria o acordo firmado antes por minha mãe. Emocionado, meu tio mais velho, meu padrinho, me abraçou por um longo tempo, chorando e me pedindo desculpas também.
Foram três dias muito emotivos. De novas pessoas entrando na minha vida e me preparando para que outras saíssem. Rebolei para manter o teatro com a vadia interesseira da Daniela. Foi difícil arrumar uma desculpa para rejeitar as chamadas de vídeo durante a noite. Dei a desculpa de que estava hospedado na casa do investidor, no quarto ao lado dele e da esposa e que era difícil fazer sexo virtual, que eu não me sentia bem se eles escutassem, que poderia perder o contrato. Ela acabou concordando e me dando uma trégua.
Na tarde do quinto dia, as mensagens entre ela e Antônio recomeçaram. Cansado de esperar, ele partiu pro tudo ou nada:
“Sei que seu marido está viajando a negócios, então você não tem porque dar desculpas. Tô com saudade, minha puta. Vem agradar o velho. Eu sou um homem de palavra, cumpro o que prometo.”
A vadia sabia jogar:
“Já se decidiu? Escritura na mão, calcinha no chão.”
Antônio resolveu apelar:
“Vai falar que não está doida para sentir o pau do velho? Você mesma disse que é o dobro do corno. Se não vier hoje, sabe que tá cheio de mulher nesse mundo, né? Não fique se achando especial.”
Dani chegou a me dar orgulho naquele momento, pena que de uma forma toda torta:
“Você nunca mais fale assim do meu marido. Pode ser sim, o dobro, mas não tem metade da habilidade dele para usar. Ele nem precisa de pau pra me fazer gozar. O que ele faz apenas com a boca e os dedos, nem com dez paus você conseguiria. Se enxerga, seu idiota, onde você vai encontrar uma mulher do meu quilate disposta a dar para você? Acha que faço isso por tesão, por desejo? Você é nojento. Quer saber? Vai se foder, enfia essa casa no teu cu.”
Achei que tinha acabado ali, já estava até reconsiderando a minha vingança, pensando apenas em mandar para ela os papéis do divórcio e seguir a minha vida, mas poucas horas depois, no começo da noite, todo submisso, Antônio voltou a carga:
“Tá bom, você venceu. Já pedi ao advogado e ele preparou os papéis para doação da casa. Venha preparada, vai custar caro. Hoje esse cuzinho não me escapa.”
Ela debochou dele:
“Assim que eu gosto, mansinho. Se você cumprir sua palavra, no futuro, posso até quebrar o seu galho de vez em quando. Chego aí daqui a pouco.”
Filha da puta! Além de interesseira, estava sendo enganada. Bem feito! A vadia merecia tudo o que estava por vir.
Liguei para o Henrique e me preparei. Sozinho, eu poderia acabar me excedendo e complicando a minha vida. Mesmo com ódio, eu ainda amava aquela desgraçada. Mesmo que não a quisesse mais, o sentimento não acaba de uma hora para a outra.
Henrique não demorou a chegar e nós partimos para o casarão, estacionamos um pouco mais a frente e esperamos o tempo necessário para dar o flagrante. Como estávamos em um carro alugado, não seríamos reconhecidos. Vimos Dani chegar e entrar na casa e só então nos preparamos para agir.
Eu conhecia aquela casa como a palma da minha mão. Cresci ali. Sabia todos os segredos e atalhos. Passamos pela lateral do terreno, uma longa viela, entrando pelos fundos da propriedade. No galpão de ferramentas, o alçapão no chão dava acesso a um túnel que terminava no porão da casa, abaixo da cozinha. Era uma passagem de segurança, uma coisa normal do final do século retrasado, quando a casa fora construída, em 1869. Ali moraram governadores e barões do café. A família da minha mãe, inclusive, tinha origem no tão rico grão que sustentou a economia brasileira no final do período imperial e começo da república.
Com cuidado e sem fazer barulho, conseguimos acesso a casa, nos escondendo no quarto ao lado, mas os dois ainda não tinham partido para ação, apenas conversavam. Ficamos quietos e escutando. Henrique mais próximo, com a câmera gravando pelo cantinho da porta, tomando muito cuidado para não ser visto
– Toma! Era isso que você queira? Está assinado, mas eu ainda não estou pronto para me mudar. Peço que tenha um pouco de paciência. Mês que vem eu vou embora, estou voltando para o sul. Depois que eu for, pode dar entrada na transferência e fazer o que vocês bem entenderem com a casa.
Após um som de beijo, copos brindando, Dani falou:
– Agora sim, senti firmeza.
Eu queria acabar com aquela putaria, mas Henrique me segurou, apontando para a câmera digital em sua mão e me fazendo sinal para manter a calma.
Mais sons de beijo, um tapa na bunda, um gemido, barulho de alguém deitando na cama, som de chupada, novamente gemidos:
– Isso, velho safado. Cumpriu o que prometeu, agora é a minha vez.
Outro tapa na bunda, meu coração batendo acelerado, eu quase perdendo os sentidos, mais gemidos:
– Fala a verdade! Sei que tu se amarra na piroca do velho. Diz pra mim, é ou não é melhor que a do corno?
Uma gemido, uma risada:
– Eu já avisei, esquece o Renato. Você não vai gostar da minha resposta. Se concentra no que importa.
O velho perdeu a linha, enfiando a piroca com tudo:
– Tá maluco? Você está me machucando. Para.
Um tapa forte, batidas de corpo, xingamentos:
– Cala a boca, piranha! Tu tá é gostando. Estou pagando caro por essa buceta. Vou foder esse cu.
Dani começou a protestar, gritando:
– Para! Tá me machucando. Eu já disse pra parar.
Antônio enlouqueceu começando a bater mais forte nela:
– Vai se foder, vadia! Acha que pode brincar assim com as pessoas? Hoje eu vou acabar com você.
Em desespero, quase sem conseguir falar, ouvi a súplica da Dani:
– Para! Socorro! Por favor, alguém …
Esqueci de tudo, pulando por cima de Henrique, que não tentou me parar, apenas me acompanhou. Antonio se assustou ao nos ver entrando com tudo no quarto:
– O que você está fazendo aqui? Quem te autorizou a entrar?
Dani estava petrificada, parecia que sua alma tinha saído do corpo. O primeiro soco pegou em cheio na lateral do rosto do velho, o segundo acertou a costela, arriando o velho no chão. Enfurecido, comecei a chutar aquele saco de carne flácida, sendo agarrado por Dani:
– Para, por favor! Você vai matar ele.
Me livrei do abraço dela e a joguei com força na cama:
– Sua filha da puta! Vadia traidora. Ainda tem a coragem de defender o cara que estava abusando de você? Vocês se merecem.
Henrique tentou me acalmar enquanto Dani dizia:
– Eu estava defendendo você, não ele. Se o matasse, você perderia a razão.
Chorando de raiva, me tremendo inteiro, cuspi a verdade na cara dela:
– Sua desgraçada, bem feito! Veio aqui achando que iria se dar bem, mas se fodeu. Lavou bem o cuzinho? Era hoje que você ia dar pra ele, não é?
Assustada, Dani tentou mentir:
– Não! Você mesmo viu, ele estava prestes a abusar de mim. Eu vim aqui porque ele disse que estava passando mal, que estava com falta de ar, vim para socorrer, preocupada.
Eu parti para cima dela, mas Henrique me segurou:
– Mentirosa! Eu sei de tudo, para de mentir, tenho tudo gravado. Há uma semana venho acompanhando suas mensagens. Tudo por causa dessa maldita casa? Só por causa disso?
Dani acusou o golpe, chorando copiosamente, tentando se aproximar de mim. Eu dei outro chute no velho:
– Acorda, desgraçado! Golpista vagabundo.
Era a hora da minha vingança. Enquanto o velho tentava recobrar a consciência, olhando para mim assustado, eu me preparei para o tiro de misericórdia. Henrique protegia Dani de mim, preocupado com o que eu pudesse fazer. Assim que o velho se levantou, me olhando com medo, eu disse:
– Eu quero vocês dois fora da minha casa. Sumam da minha frente.
Olhei para o velho com deboche, fingindo que ia voltar a socá-lo:
– Você tem vinte minutos para pegar suas coisas e sumir, antes da polícia chegar, seu golpista abusador.
Ele nem titubeou, sumindo da minha frente, com o rabo entre as pernas. Dani parece que recuperou um pouco da confiança:
– Sua casa? Como assim, sua casa?
Mesmo morto por dentro, incapaz de qualquer sentimento que não fosse o ódio, o nojo, olhei para ela triunfante:
– É isso mesmo que você ouviu. Minha casa, só minha e de mais ninguém. Tudo qua a minha mãe tinha agora é meu. Dezenas de imóveis, inclusive esse lixo de mausoléu. Milhões no banco, investimentos, participação na empresa da família … tudo meu, só meu. Perdeu, vadia!
Ela estava em choque, pálida, não acreditando que aquilo estivesse acontecendo. Pedi ao Henrique:
– Tira essa vadia da minha frente. Melhor você ir com ela, estou bem. Sairei daqui de alma lavada. Chama a Fabiana para ajudar.
Dani se desvencilhou das mãos dele e conseguiu me abraçar:
– Eu posso explicar, por favor, me dê a chance …
A empurrei com força novamente, fazendo com que ela quase caísse. Henrique a segurou:
– Eu não acredito em você. Não me importo com o que tem para falar. Nossa conversa agora será apenas pelos nossos advogados. Contrate o seu, pois Henrique já está me representando. Eu já dei entrada no divórcio.
Ainda fui compreensivo:
– Você tem trinta dias para desocupar a minha casa. Pode ficar com tudo, faz o que quiser. Legalmente, não posso te expulsar, já que é o seu endereço de residência e nós somos casados. Ainda.
Pedi as chaves do carro ao Henrique e perguntei:
– Conseguiu gravar?
Ele fez sinal de positivo com a cabeça e me entregou a câmera. Virei para a vadia, chorando desesperadamente no chão:
–Eu não quero complicação, só quero me separar de você o mais rápido possível. Se tentar contestar o divórcio, ou inventar mentiras a meu respeito, vou espalhar as mensagens e seu vídeo com aquele velho nojento para todos os nossos conhecidos, principalmente para a sua família. Seja inteligente e não me desafie, eu não tenho mais nada a perder.
Eu já estava saindo, mas não consegui resistir a uma última pergunta:
– Por que? Você sabia da minha história, de todo o meu trauma, como pôde fazer isso comigo?
Eu já esperava a resposta:
– Eu só queria a casa. Ela deveria ser nossa, para a gente criar a nossa família …
Com a adrenalina baixando, a tristeza veio forte:
– Ela já era nossa.
Ela tentou se aproximar novamente, chorando, suplicando, mas eu a afastei:
– Além de traidora, vagabunda, ainda foi otária, enganada por um velho golpista. Eu te desejo tudo de pior que o mundo tenha a oferecer. Nunca mais se aproxime de mim.
Olhei uma última vez para aquela mulher que era o amor da minha vida, e que eu não reconhecia mais, e saí daquela casa que só me trazia péssima recordações.
Daniela tentou me ligar durante os primeiros dias, mas Fabiana cuidou dela, não deixando que ela viesse atrás de mim. Eu troquei o número do celular e só passei para o Henrique, nem para Fabiana eu dei, sabendo que ela poderia fraquejar e passar para a amiga. Continuei na casa emprestada por Henrique por algumas semanas.
Destruído, pedi que o Dr. Mark vendesse a casa em que morei com Daniela e me mudei daquele bairro para um dos apartamentos que recebi de herança. Passei um tempo com meus meio-irmãos e acabamos nos dando muito bem. O rapaz veio morar e trabalhar comigo, como meu secretário direto, responsável pelo contato com o Dr. Mark, cuidando dos imóveis alugados, fazendo faculdade noturna. Minha meia-irmã foi trabalhar com Henrique, já que começou a cursar direito. Ela continuava morando e ajudando a mãe. Acabei sendo meio que adotado por aquela gentil senhora e criei um grande carinho por ela.
Meu divórcio foi finalizado rapidamente, dentro do tempo legal e Daniela acabou sumindo no mundo, envergonhada após o “vazamento acidental” do seu vídeo e dos prints das mensagens com o velho flácido. Todos os nosso amigos viraram a cara para ela e ela mesmo abandonou a Fabiana, a única que ainda lhe estendia a mão. Com a venda da minha empresa, mesmo que em baixa, ela faturou quase meio milhão de reais, dinheiro suficiente para recomeçar a vida em qualquer lugar do mundo.
E o casarão? Esse é um caso a parte. Minha intenção era demolir, e com a parceria de uma construtora, criar um condomínio pequeno de alto padrão, mas como era um patrimônio estadual tombado, precisei molhar a mão de muita gente para conseguir um laudo dizendo que ele apresentava grave risco de desabamento e o vendi. Interessado na parte comercial, já que uma universidade de renome era a compradora, o estado não colocou objeções para a demolição do antigo mausoléu mal-assombrado.
{…}
– Isso, putinha! Adora rebolar na vara, né?
A pretinha, safada demais, quicava no meu pau como uma louca.
– Você também, safada. Vem aqui, traz essa bucetinha doce para eu chupar.
A loirinha deliciosa sentou no meu rosto, esfregando aquela bucetinha linda e melada na minha cara. Comprei as duas num leilão de putas. Duas iniciantes escolhidas a dedo pela cafetina daquele puteiro de alto nível. Dizia ela que a loirinha ainda era virgem, por isso os cinco mil reais. Eu estava pouco me fodendo se era ou não, se já tinha dado pra nenhum ou pra duzentos. Eu só queria enfiar o pau naquela buceta apertada.
Coloquei a vadiazinha de quatro e soquei com força, arrancando um gemido alucinado:
– Hum, gostoso! Assim você acaba comigo.
Estocava na bucetinha rosa novinha e fodia a pretinha com os dedos, dando tapas naquela bunda perfeita, esculpida em ébano.
Tirava o pau da loira e enfiava na preta, brincando com as duas …
Dois anos depois dos acontecimentos que destruíram de vez a minha confiança no amor, essa era a minha realidade: uma puta nova, ou duas, três a quatro vezes por semana. Mas só as tops, as de luxo, aquelas que se podia andar de mãos dadas ou levar pra viajar, estilo namoradinha, toda linda, perfumada e longe de qualquer suspeita.
Eu estava em viagem pelo Nordeste, me preparando para conhecer um puteiro recomendado pela cafetina da minha cidade. Local de gringos, onde existiam até turnês de putas internacionais. Cheguei ao local e fui tratado como rei, paparicado e tendo o ego inflado a todo instante. A cafetina, dona do estabelecimento, veio até mim:
– Sr. Renato, é um prazer receber sua visita. Já fui informada de que o senhor só se contenta com o melhor, o exclusivo, e paga muito bem por isso. Recebemos uma nova garota do Sul hoje e eu a guardei especialmente para acompanhá-lo durante sua estadia em nossa cidade.
A puta chefe bateu palmas e a mulher se apresentou, ainda de cabeça baixa, fazendo o tipinho tímida, envergonhada, com certeza cumprindo o roteiro, dando o seu melhor na atuação. Ela finalmente me encarou e, assustada, não conseguiu conter as lágrimas.
Ela era realmente linda. Loira, seios médios e deliciosos, cinturinha fina e bumbum arrebitado, redondinho, perfeito. Seus olhos verdes pareciam duas esmeraldas.
Me levantei furioso:
– Essa puta já é velha, eu não quero nem de graça, nem se me pagarem.
Fim!!!