Conto: Como Uma Filha Pra Mim. – Eu não gosto disso. – Disse Manuh enquanto acendia um cigarro, sentada sobre o parapeito da janela. A luz da lua e do poste iluminando seu corpo totalmente nu.
– Disso o quê? – Eu perguntei, deitada na cama com minhas costas encostadas na parede
– De eu ser o seu segredo. De você ser o meu. E também não acho que seja justo com a Laura.
– Bom, o que você quer? Quer ir lá no quarto da Laurinha agora e contar que você tem um caso com a mãe dela?
Ela fez uma cara de descontentamento, mas calou-se. Sabia que não tinha o que ser feito. O que nós construímos era algo que não poderia ser revelado a ninguém. Fadado ao fracasso, mas ainda assim continuávamos.
– Volta aqui pra cama. Tá ventando muito. Você vai pegar um resfriado.
– Tá falando que nem a minha mãe! – Ela deu uma risada irônica.
– Eu tenho idade para ser sua mãe. Além disso, eu sempre disse que você é como uma filha pra mim.
– É, mas isso já não faz mais sentido, não é mesmo?
Manuh deu um último trago e jogou o cigarro pela janela, então voltou para cama. Seu corpo tinha um andar naturalmente sensual, os seios fartos balançavam de um lado para o outro a cada passo, as aréolas grandes e sem cor. A cintura fina e a bunda pequena, mas graciosa.
Ela deitou-se apoiando sua cabeça em meus seios. Com o seu dedo acariciava minha barriga, em volta do umbigo, descendo até os meus pentelhos e subindo até o tronco.
– Posso te perguntar uma coisa, Dona Ju?
– Pode me perguntar o que quiser, querida, e também pode me chamar só de Ju. – Respondi, acariciando seus cabelos loiros.
– Desculpa, é o costume. Quando foi que você começou a sentir algo por mim.
Eu tinha essa resposta na ponta da língua.
– Foi há um ou dois meses depois de te conhecer. – Respondi de bate-pronto. – Quando Laura me contou que gostava de garotas, foi um baque pra mim. Eu não acho que sou preconceituosa nem nada do tipo. Para falar a verdade, acho que muitos pais não se importam de verdade com a opção sexual dos seus filhos.
– Orientação.
– Como?
– É que opção sexual é um termo errado. O certo é orientação sexual, pois ninguém escolhe ser gay ou lésbica.
– Ah sim, certo. Desculpe. Onde eu estava? Lembrei. Muitos pais e mães não ligam para a opc… orientação sexual dos seus filhos, eles só ficam preocupados dos filhos sofrerem na rua. Você sabe, esse mundo é muito violento com quem é diferente, e às vezes você ser gay é quase como colocar um alvo na sua cabeça. Nenhuma mãe quer isso pra sua filha.
Mas quando ela se assumiu para mim, eu tentei ser o mais solidária com ela. Laurinha é tudo pra mim, desde que seu pai morreu, minha vida foi toda pensando nela. Por isso eu não queria que ela se afastasse de mim por nada.
Quando ela me apresentou a namorada, foi outro baque. Parecia como ver que aquilo era real, não era da boca pra fora. Ela estava em um relacionamento sério com outra garota.
– No caso, eu.
– Sim, você. E você sempre foi muito simpática, muito atenciosa. E sempre que eu via Laurinha com você, eu via ela feliz, o que me deixava feliz. Então aos poucos eu comecei a ficar menos preocupada com a Laurinha, pois eu sabia que ela estava feliz assim.
– E quando foi que você percebeu que também queria ser “feliz” assim?
– Bom, foi em uma noite. Quando você veio dormir aqui. Eu fui dormir cedo, mas não pegava no sono de jeito nenhum. Lembro que estava muito calor naquele dia e eu não parava de me mexer na cama, suada.
Me levantei para ir a cozinha pegar uma água, mas eu tinha deixado a porta aberta por uma fresta, e nessa fresta eu vi você e Laura se beijando no sofá.
Eu fiquei com medo e vergonha de sair do quarto. Fiquei olhando para ver se vocês paravam, você sabe, me dar uma deixa para aparecer de forma menos constrangedora.
Mas vocês não paravam, estavam se beijando bem intensamente. Eu senti um certo nó na barriga ver Laurinha beijando você daquele jeito. Eu nunca a vi beijando daquele jeito.
– Daquele jeito como?
– Daquele jeito tão… sensual, apaixonante. Ela mordendo os seus lábios, você apertando os seios dela. Era hipnotizante. Você tentou colocar a mão por dentro da camisa dela, mas ela se afastou.
“Aqui não! Minha mãe pode acordar.” Eu lembro até das palavras. “Por favor.” Você suplicou. “Ela não vai acordar, já foi dormir há um tempão. Eu quero você, aqui e agora.”
Aquelas palavras me causaram um arrepio, eu confesso. Você insistiu mais um pouco, e Laurinha acabou cedendo.
Lembro de ver vocês se deitarem no sofá, você por cima e Laurinha por baixo, de você arrancar as roupas dela e depois as suas. Lembro de ver Laurinha se ajoelhar no chão, abrir as suas pernas e te chupar. Aquele foi outro choque de realidade. Ver minha filha chupando outra mulher daquele jeito, com tanto prazer, tanta energia. Era algo que eu jamais imaginava.
Mas então eu comecei a sentir algo estranho. Aquele comichão entre as pernas, aquela coceirinha que dá quando você está excitada, e você quer coçar e coçar até se satisfazer. Era tão lindo o que vocês duas estavam fazendo. Eu já tinha visto alguns pornôs lésbicos, de curiosidade, depois que soube sobre a minha filha. Mas nunca tinha sentido nada. Era tudo tão falso, tão vulgar, tão…
– Como se fosse feito para homens que gostam de ver duas mulheres se pegando, não para mulheres.
– Exato! Mas o que eu via em vocês era paixão. Acho que foi isso que me atiçou. Ver duas mulheres apaixonadas se amando.
– Continua. O que mais eu fiz? – Manuh começou a acariciar novas partes do meu corpo com os seus dedos. Minhas coxas, a lateral do meu tronco e até mesmo meus lábios, sem muitas intenções.
– Você disse “Que pena que eu não trouxe a minha cinta, queria muito te foder.” Aquilo me deixou surpreso. O jeito safado como você disse aquelas palavras. E depois, quando Laurinha respondeu “Você pode me foder de muitos outros jeitos.” Eu senti meu coração bater descompassado por um segundo.
Laurinha sentou no seu colo, você colocou sua mão por debaixo. Não sei quantos dedos foram, pareciam dois ou três. Ela começou a rebolar. Aquela bundinha magra dela, as pernas longas. Parecia mesmo que ela estava fodendo.
Ela jogou o cabelo pra trás, você a segurou pelas costas, trouxe para perto de si e chupou os peitinhos dela. Naquele momento, eu tive um vislumbre de você chupando os meus peitos em vez dos dela. Ouvi minha filha gemer baixinho, por a mão na boca com medo de fazer barulho e me acordar. Mas ela não sabia que eu estava acordada, vendo tudo aquilo.
Foi então que a tal coceirinha ficou incontrolável. Sentia um fogo queimar entre as minhas pernas. Eu não notei, mas eu já estava com a mão lá embaixo, massageando minha boceta.
Foi quando eu voltei pra cama. Mesmo com todo o calor eu tirei a roupa e comecei a me masturbar. Pensando nas cenas que tinha visto, mas mais em você. Eu não sei por que, mas você me instigava tanto. Acho que era o seu sorriso, que é muito lindo, ou esse seu jeito de boa garota, comportada, que contrastava com a sensualidade que eu tinha acabado de ver em você. Até mesmo o seu nome é cheio de personalidade. Manuh. Não é Manuela, é só Manuh, com H. É muito bonito.
– Obrigada.
– E você? Quando começou a sentir algo por mim?
– Eu não sei, acho que sempre gostei um pouco de você. Mesmo que não fosse assim. É que, sei lá, você foi a primeira mãe de uma namorada minha que deixou eu te conhecer. Todas as outras garotas que eu namorei tinham que esconder isso. Diziam que eu era só uma amiga e tudo mais. Mas você sempre deixou eu ser ‘a namorada’.
Eu também nunca tive uma mãe. Fui criada com o meu pai, e sempre senti falta de uma figura materna. Alguém pra, você sabe, falar assuntos de mulheres. Por isso que quando eu te conheci, eu gostei tanto de você, e queria ser a mais simpática possível. Queria que você também gostasse de mim. Como sua nora, como sua filha, mas nunca tinha pensando em você gostar de mim como sua, como sua…
– Amante?
– É… eu nunca tinha sentido isso, para falar a verdade. Até a noite em que nós ficamos pela primeira vez. Naquele Réveillon em Itaipava, depois que a Laura tinha ido dormir. Eu e você conversando bem depois da meia-noite, rindo, nos divertindo. Tomando mais vinho do que a gente devia… tava sendo uma ótima noite.
Até que você segurou na minha mão. Acariciou ela, de um jeito que eu sabia que não era um carinho comum. A gente ficou em silêncio, olhando uma pra outra e eu pensava se o que iria acontecer valia a pena.
Quer dizer, eu te acho linda, mesmo com o dobro da minha idade você tem uma aura tão jovem. Os seus seios… – Ela os tocou, com mais firmeza, arrancando-me um suspiro. – …São tão macios, os bicos pontudos, me faz ter vontade de beijá-los a noite toda. Suas coxas também, grandes, torneadas. Eu sinto que eu quero ser que nem você quando for mais velha.
Mas ainda assim eu me questionava, colocar tudo em risco com a Laura por causa de um momento? Valia mesmo a pena? Mas parecia que você já estava decidida.
Você me puxou, antes de eu ter minha resposta, pôs a mão na minha coxa, e depois na minha cintura. Me levou mais pra perto de ti, os nossos seios se tocaram. E eu suspirei de nervoso, mas acho que você entendeu que eu estava abrindo a boca para te beijar.
Você me arrancou um beijo, e senti um raio percorrer todo o meu corpo. Eu não sei se foi a melhor decisão que eu tomei, mas naquele momento foi. Eu me derreti nos seus braços, me entreguei aos seus encantos, e foi então que você me conquistou.
E depois, tudo o que eu me lembro é já estar na sua cama, com o meu corpo entre suas pernas, minha cara afundada entre suas coxas, me saboreando desse mel tão delicioso.
Manuh passou dois dedos entre os meus lábios, umedecendo-os, e então os lambeu, provando-o novamente. O clima esquentou novamente, enquanto ela terminava de contar sua história. Eu sutilmente acariciava o seu rosto, suas bochechas carnudas, como os seus lábios.
– Já faz quanto tempo desde aquele dia? – Eu perguntei.
– Quase um ano. Um ano que nós vivemos esse segredo. Você não se sente culpada?
– Todos os dias, mas eu não consigo resistir. Durante 50 anos eu não sabia que gostava de garotas. E agora, eu não consigo viver sem. Principalmente você.
Ela olhou em meus olhos. Seus olhos marejaram. Uma lágrima escorreu do seu olho direito, e ela limpou, fazendo um grande esforço para não cair de novo.
– Essa vai ser a nossa última vez. Me desculpe, mas eu não posso continuar fazendo isso com Laura. Eu amo sua filha, de verdade, e não quero mais traí-la. Ainda mais com sua própria mãe. Depois dessa noite, eu não vou mais te visitar no seu quarto quando sua filha dormir. Não vou mais matar faculdade para te ver quando ela não estiver em casa. Vamos fingir que nada disso aconteceu e ser uma família normal. Está bem?
Sentia o peso da decisão em seus olhos. Eu queria gritar ‘Não!’, tentar convencê-la a desistir, mas não dava. Ela estava certa, no final de tudo. O que a gente vivia estava fadado a um dia terminar, e era melhor que terminasse assim.
– Está bem? – Disse com a voz trêmula.
– Obrigada.
Manuh segurou no meu rosto e me beijou. Foi um beijo apaixonado, lento, molhado. Como se nós dois quiséssemos aproveitar ao máximo aquele momento. Pois aquele seria o último.
Tudo naquela noite tinha essa sensação. Não queríamos que acabasse tão cedo, mas sabíamos que uma hora ia acabar.
Manuh beijou o meu pescoço, beijou logo acima da minha clavícula, em um lugar onde ela sabia que eu adorava, e que me derretia toda.
Eu pensava se um dia encontraria uma garota como Manuh, que soubesse exatamente onde me tocar, onde me beijar, onde me apertar. Talvez eu não gostasse tanto de garotas assim, apenas de uma.
Ela desceu mais, encostou sua boca no meu seio direito, beijou e mordiscou enquanto acariciava o esquerdo com sua mão.
Ela me deitou, veio por cima, voltou a beijar os meus lábios e depois foi descendo novamente pelo meu corpo. Beijou meu abdômen, meu umbigo, até mesmo a cicatriz da minha cesária ela beijou. Senti seu nariz se esfregar em meus pêlos quando ela chegou lá embaixo.
Foi ali que eu sabia o quanto iria sentir sua falta. Sentiria falta do jeito que ela me chupava, como ela sabia a velocidade certa de me lamber, de chupar o meu grelo enquanto enfiava dois dedos dentro de mim. Às vezes até três quando estava muito excitada. Como ela me fazia gozar duas ou três vezes seguidas só com suas mãos e boca
Também ia sentir falta do seu néctar. Do cheiro único que sua boceta exalava. Era afrodisíaco, me deliciava mais do que em qualquer pica que eu tenha chupado na minha vida. Era maravilhoso.
A noite terminou da forma mais intensa. Nós nos beijando, entre gemidos sincronizados, enquanto uma esfregava a boceta na outra, tendo orgasmo atrás de orgasmo, vivendo aquilo como se nunca acabasse.
Quando eu acordei no dia, ela já não estava mais na minha cama, e eu foi quando eu percebi que tudo tinha acabado. E agora, Manuh podia voltar a ser como uma filha pra mim.